domingo, 8 de agosto de 2010

MPA:MOVIMENTO POPULAR DE ARTE


O texto que segue é de Edsinho para o encarte do disco do MPA, lançado em 1985. Além de Sacha Arcanjo, participaram da coletanea Matéria Prima, Edvaldo Santana, Raberuan, Zulu de Arrebatá, Lígia Regina, Osnofa e Luís Casé, entre outros.Sacha Arcanjo foi um dos fundadores do MPA e, após a separação do grupo, um dos mais atuantes na região de São Miguel: abriu possibilidades para novos artistas que iniciavam seus caminhos e conquistou o respeito e admiração de muitos que cruzaram por sua estrada, ganhando novas gerações de fãs com suas canções e ações culturais. Estas retrospectivas são necessárias para compreender a história artistica de Sacha Arcanjo, sua dignidade como artista e sua nobreza enquanto ser humano. Segue o texto:

Movimento Popular de Arte







A luta pela transformação da capela histórica de São Miguel Paulista, no ano de 1978, em centro cultural aberto à população contatou e detonou o processo de aglutinação de diversos grupos e artistas individuais existentes na região. A partir das discussões mantidas durante estes contatos surgiu o interesse por parte dos artistas de realizar uma mostra de Arte. Durante o processo preparatório desta mostra e no bojo das discussões mantidas verificou-se a necessidade de uma união não só em função de mostra. Nasceu assim o Movimento Popular de Arte de São Miguel Paulista.


Esta mostra, um primeiro trabalho desenvolvido na região pelo MPA, entre 09 e 31 de Dezembro de 1978 obteve excelentes resultados com a presença na capela de mais de quatro mil pessoas, mostrando que a arte produzida pela população de uma localidade visando a sua problemática, indentifica o homem desta região com seu meio e possui uma grande penetração, mesmo que não haja muita divulgação.


Essa receptividade e essa certeza de identidade com o meio foram os principais incentivos para a formação do MPA.


Após o encerramento desta mostra, a capela histórica foi retomada, deixando os componentes do MPA sem local para se reunir e se apresentar. Entretanto, apesar de todos os entraves, seus componentes continuaram a se reunir com precariedade de condições nos fundos de quintal de um e outro integrante, por vezes a céu aberto, num esforço de organização e direcionamento, tentando encontrar a melhor forma de aglutinação para todas as manifestações artísticas e culturais da região.


A partir deste processo de discussão, optou-se pela criação e ocupação cultural de outros espaços alternativos, com apresentações em praças, ruas e jardins – a praça popular de arte – atuando junto aos movimentos populares e sindicais, casas de culturas, comunidades de base, criando um caderno de poesias e intensificando a luta pela conquista de um centro cultural em São Miguel.


Com base na análise das características e necessidade da nossa região, a posição do MPA é lutar pelo desenvolvimento e manutenção de todo o potencial artístico de toda a população, pois ele é uma reunião de artistas nascidos da realidade social e econômica da periferia, uma tentativa de autodefesa e resistência à industria cultural, controladora dos veículos de comunicação de massa que impõe ao povo padrões culturais distantes de sua realidade.


Seus objetivos estão intimamente ligados a periferia e como parte integrante de sua população. Suas propostas são: a revitalização da arte popular como resistência a estes padrões culturais, abertura de canais de participação à população na produção artística e cultural, bem como a abertura de espaços criando novas formas de lazer.


Depois de seis anos de luta, a abertura do MPA circo é uma prática que funciona como pólo aglutinador e irradiador de produção cultural e centro de apoio para outros grupos e movimentos cuja as atividades concordem com seus objetivos.


A atividade desenvolvida pelo MPA circo desencadeou uma série de perspectiva que estavam latentes: as atividades dos grupos e artistas individuais se enriqueceram, o intercambio entre eles próprios e entre eles e a comunidade tornou-se muito mais resistentes, e algumas de suas teses, como a de que a periferia necessita e prestigia seus próprios artistas foi comprovada.


As atividades artísticas e culturais, bem como as oficinas, firmaram o espaço do MPA circo como uma opção de lazer e um novo centro de apresentação, produção e estudo das mais variadas formas de arte.


O circo permitiu a organização e divulgação destas manifestações além de estimular seus integrantes aprimorarem suas linguagens, dando-lhes instrumental técnico para a produção artística e fornecendo-lhes subsídios para gerência de um futuro centro cultural em São Miguel Paulista.


A história do MPA desemboca no picadeiro deste circo, escrita por centenas de artistas que fazem ou fizeram parte de seus espetáculos e que criou, desenvolveu e manteve um espaço e um público tanto para os seus espetáculo quanto para suas oficinas e mostras de artes, dinamizando a cultura antes restrita aos teatros e auditórios longínquos


Sua constante prática e reflexão critica fizeram deste espaço um prolífico centro de divulgação e aprimoramento artísticos que não podem ser mais dispensados sob pena de incorrer no erro de achar que a Arte está no museu e teatro e deve permanecer restrita a eles para a apreciação de uns poucos abençoados, e de se matar no nascedouro formas menos apáticas e corriqueiras de arte.





Edsinho









2000: FEITO BICHO

Ano 2000.
Sacha lança o CD "Feito bicho".
O acompanhei por várias apresentações pela Leste de São Paulo como iluminador e, algumas vezes, dando uma força na técnica sonora. Destes dias lembro-me de alguns momento memoráveis. Das filmagens de Escobar Franelas a participações de pessoas como Raberuan, Zulu de Arrebatá e Luiz Casé nas apresentações.
As pessoas tinham muito respeito pelo baiano de Gabriel e, em pouco tempo, as mil cópias estavam esgotadas. Sacha não as fez mais - ao menos não com aquela escala de produção pois, anos depois, eu mesmo preparei quatrocentas cópias 'piratas' do CD, sob sua encomenda. Ano passado, Janio Vilar assumiu esta tarefa, fazendo com mais capricho em seu estúdio na vila Danfer.
Estes dias, remexendo jornais antigos, encontrei este exemplar do São Miguel News relatando o acontecimento da apresentação no restaurante das Estrelas, que ficava na praça do Morumbizinho (Fortunato da Silveira, 57). Achei interessante postar aqui o texto publicado que, se por um lado não tem uma boa qualidade de redação, ao menos nos dá um idéia de quem é Sacha Arcanjo - no mais precisamos deixar registrado aqui no blog esta passagem da vida do artista e, quiçá, desenterrar os fatos que circulam o lançamento e as apresentações do CD "Feito Bicho". Segue a matéria.

SACHA ARCANJO LANÇA CD “FEITO BICHO” NO RESTAURANTE DAS ESTRELAS



(Jornal São Miguel News, 25 de Junho de 2000.)


Sacha Arcanjo, cantor e compositor baiano, nascido em São Gabriel, Sertão de Irecê, norte da Chapada Diamantina, signo de escorpião, com carreira autodidata no circuito cultural alternativo.


Participou da criação do Movimento Popular de Arte de São Miguel, zona Leste de São Paulo, cidade onde mora desde 1968. Tem músicas gravadas por Raberuan, Rosa Maria Colin, Luis Casé, Edvaldo Santana, Zulu de Arrebatá, Ceciro Cordeiro e Welton Gabriel. Destaca-se também como produtor cultural participando de projetos de formação e difusão, com objetivo de apoiar a Arte produzida no Brasil.


Lançou no dia 15 de Junho, em primeira mão, o seu CD “Feito Bicho” no Restaurante das Estrelas, a casa de espetáculos de São Miguel e da Zona Leste, e estará divulgando em breve por várias cidades do país, e grande circuito por São Paulo.

domingo, 11 de julho de 2010

Sacha Arcanjo – Resumo de Uma Trajetória (Material de Arquivo)

(Dentro da proposta de resgate de todo material relativo à obra de Sacha Arcanjo, apresento aqui matéria publicada no jornal O Boêmio (Matão, SP), no. 208, ano 14, 25 de fevereiro de 2005, página 05. Editor Eduardo Waack)


Sacha Arcanjo – Resumo de Uma Trajetória
por Escobar Franelas

O cantor e compositor Sacha Arcanjo, 54 anos, lançou seu primeiro CD, Feito Bicho, no ano 2000. Para ser ouvido com o encarte na mão, Feito Bicho é um disco repleto de boas surpresas musicais e poéticas, num momento em que a MPB ressente-se de bons compositores no dial das rádios.

Sacha Arcanjo é um poeta caudaloso que acerta em cheio com incursões várias pelas frestas de nossos sentimentos, como na estrofe “...e eu cá só sei das lendas / que cantam os viajantes / dessas estradas compridas / que seguem mundo adiante...”, na bucólica Projeção. Outro momento do qual é impossível passar incólume é “... pousei no colo da serra / ganhei a brisa e o trovão / a luz do sol e o luar / estrelas na palma da mão.”, refrão de Chão Americano, cantado como oração pela platéia que acompanha seus shows. Há ainda a dolência caymmiana de Jangadeiro, a (re)construção geográfica de sua região natal, na Chapada Diamantina baiana, na bucólica e lírica Mirorós; a contundência urbanóide em Filho do Ânsia.

Radicado em São Miguel, extremo leste da cidade São Paulo há trinta anos, Sacha Arcanjo é um antigo militante da cultura popular na região. Desde o final da década de 1970 que faz parte do Movimento Popular de Arte, ao lado de Edvaldo Santana, Akira Yamasaki, Cláudio Gomes, Raberuan, Zulu de Arrebatá e Severino do Ramo, entre outros. Atualmente é coordenador da Oficina Cultural Luiz Gonzaga, no mesmo bairro, onde trem trabalhado em projetos que visam difundir os vários talentos artísticos da região. Assim, criou o Sexta Sim – Canto do Compositor, para que compositores novos apresentem seus trabalhos. A Noite de Arte e Expressão, que acontece na última sexta-feira de cada mês, também permite que os artistas apresentem seus trabalhos em solos de dança, poesia, mímica, teatro e outras tendências.

Seu parceiro de versos mais cosntante é Raberuan, mas composições suas já foram gravadas por Rosa Marya Collin, Edvaldo Santana, Ceciro Cordeiro, Luís Casé, Welton Gabriel e outros. Diante de tudo que tem surgido diariamente para nossos ouvidos, é de se acreditar que em breve Sacha Arcanjo estará no Olimpo das rádios. Sim, pois não há mediocridade que dure para sempre. Contatos com o artista podem ser feitos pelo telefone (11) 2956 2449 ou pelo e-mail sacha_arcanjo@hotmail.com.


ESCOBAR FRANELAS é videomaker e escritor, reside em S. Paulo. Lançou hardrockcorenroll-poemas em 1998.

terça-feira, 11 de maio de 2010

RE: XX Cantoria de São Gabriel Bahia

XX CANTORIA DE SÃO GABRIEL - BAHIA por  SACHA ARCANJO

O grupo Culturarte de São Gabriel na pequena cidade da Bahia, que fica na região do longíquo Irecê ao norte da Chapada Diamanteina, vem realizando esse grandioso evento há desenove anos e agora em 2010 realizará a XX Cantoria, um marco na história da cidade que também é a terra natal do cantor e compositor Sacha Arcanjo.

A XX Cantori este ano está se programando para rever nomes que já passaram por outras detas com a importância de terem sido bem recebidos, artístas como Belchior, Elomar Figueira de Melo, Xangai, Vital Farias, Geraldo Azevedo, Roze, Wilson Aragão, Dércio Marques, Irene Portela, Daniela Lasálvia, João Bá, Chico César, Edgar Mão Branca, Dinho Oliveira, Raimundo Sodré, Paulo Diniz, Osvaldo Montenegro, Paulo Gabiru, Raberuan, Carlinhos Piauí, Pereira da Viola, Luiz Caldas, Socorro Lira, Ivânia Catarina, Inácio Loyola, Vander Lee, Zulu de Arrebatá, Vidal França e Mazé, Renato Teixeira, Paulinho Jequié, Ednardo e tantos outros.

Existe a safra de cantadores e poetas populares da região que se destacam por todo o Brasil, encabeçados por André Marques, Welton Gabriel, Cleber Eduão, Sacha Arcanjo, Chico Leite, Clendson Barreto, Reginaldo Manso, Lívia Ramaiana, Ney Lagoa, Gury Eduão, Rubinho do Rio, Eder Fersant, Núbia Paiva e muito mais.

É com essa espiritualidade que a cantoria é sempre celebrada para o povo que vive e curte esse som magnífico tirado de vozes, violões, violas, sanfonas, rabecas, pandeiros, zabumbas, triângulos, caxixis, aboios, entre recitais de poesias, cordéis e causos sertanejos, que deslumbram o imaginário de cada um.

A XX Cantoria de São Gabriel, Bahia/2010, será realizada este ano nos dias 03, 04, 05 e 06 de Junho, com uma programação de causar prazer com a maioria dos artístas que já se apresentaram nestes desenove anos de sua existência, o que fundamenta a sua valorização pelo caráter de fazer valer um trabalho que merece ser difundido em escala local e mundial.

domingo, 21 de março de 2010

Sacha em Construção

Uma notícia: Sacha Arcanjo ganha uma view. Agora tá na net. Agora é do mundo. Ele, que é pura arte, celebração da vida entre o lúcido e o lúdico, o sagrado e profano, o popular e o erudito, o lírico e o moderno, o real e o imaginário.

A quem não o conhece, esse texto aqui parece letra enfadonha, apressada e afetada de fã. E é! Que seja... pois são vários, tantos, diversos, intensos e sinceros outros que concordam comigo e retransmitem a mesma mensagem, que fico tranquilo em endossar o documento já assinado há tanto (e por tantos).


Pois se Sacha aportou nessa São Miguel Paulista ("paulista" de sobrenome, mas cosmopolita em seu abraço e provinciana no amor a seus "filhos"), vindo de São Gabriel, Bahia, há quarenta anos, esse foi um presente que todo o bairro (e a cidade de Sampa; e o estado de São Paulo, e o Brasil) agradecem, entre sinceros e comovidos.


Primeiro o bichogrilo juntou-se a Raberuan, para formar a dupla mais fecunda do Movimento Popular de Arte (MPA), surgido no final da década de 70 do século passado justamente para congregar todo o trabalho cultural e artístico que nascia e crescia no ventre do bairro naqueles tempos. Ao mesmo tempo, crescia em si a consciência do "por fazer" miltoniano ("todo artista tem que ir aonde o povo está"), e, em consequência disso, a militância cultural, política e social por uma cidade melhor, uma vida melhor, uma arte melhor.


Um dos resultados disso é que desde que a Oficina Cultural Luiz Gonzaga foi reaberta no bairro, em 1998, é Sacha que a coordena, com coerência e esmero. Quem comprova essa postulação é Nando Z, Simone Siraque, André Marques, Drica, Claudemir "Dark´ney" Santos, Ivan Néris, Rodrigo Marrom, Tarcísio Hayashi, Vinícius e Caio Casé, Alyne Garroti, Keila Fuke, Isadora Diaz, Jocélio Amaro, Thiago Araújo, Sueli Oliveira, Flávia Bertinelli, Cléber Eduão, Éder Fersant, e múltiplos outros, que entenderam sua mensagem e levam avante esta bandeira de fazer, pensar e distribuir arte enquanto elemento norteador da vida, em sua singularidade e pluralidade.


Dono de uma carreira incadescente, o Arcanjo tem 4 CDs lançados: "Feito Bicho" (2000), "O Inocente" (2004), "Sacha Arcanjo" (2008), e "Sacha 60" (2009), este uma compilação de seus maiores sucessos que muitos de seus fãs e amigos gravaram para ofertar-lhe como presente pela pasagem de seu 60. aniversário, em novembro último. Seus shows têm rolado com frequência nos mais diversos espaços, onde sempre podemos notar o carinho que o público lhe dedica quando ouve alguns de seus sucessos, como "Chão Americano", "Projeção", "Bênção", "Jangadeiro", "Leve", "O Maior Carente", "Menina Singela", entre muitos outros. Ou quando nos recupera os ricos repertórios de Zé Geraldo, Luiz Gonzaga e Alceu Valença, para nossa degustação inebriada.

Dono de uma voz maviosa e caymmiana em sua dolência tranquila; de uma poesia que tanto pode ser certeira e exata quanto lírica e cerebral; cortante e rural, como urbana e moderna; recupera a expressão sonora dos mesmos moldes que ajudaram um dia a confeitar os versos de Cartola, Cazuza e Gonzaguinha, sem denotar para isso uma influência direta, mas apenas relatando que essas terras que nos ofertam tantos jogadores de futebol, tanto oferecem talentos musicais a granel. Sacha Arcanjo é um deles.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

BLOG EM CONSTRUÇÃO







Estamos organizando o blog de Sacha Arcanjo para que todas as informações fiquem disponíveis aos interessados. Este blog entrará no ar definitivamente na madrugada do dia 17 de fevereiro de 2010. Aguardem! Ninguém perderá mais Sacha Arcanjo de vista!